Acompanhe o interessante artigo do consultor Luiz Carlos Freire Cimatti, publicado pelo Portal HSM. No texto, o especialista analisa as barreiras competitivas para as empresas brasileiras e traz dicas de políticas de gestão para aumentar a produtividade. Vale a pena ler! “Assim como a maioria dos empresários brasileiros, eu compartilho da preocupação referente à falta de competitividade dos preços dos nossos produtos frente aos concorrentes estrangeiros. Entendo que uma (e talvez a principal) causa disso pode ser a seja a baixa produtividade dos processos, que ocorre por vários motivos – desde parques industriais desatualizados até a falta de ferramentas gerenciais adequadas, mas também pelo próprio desinteresse da alta direção das empresas no assunto. Em 1987, o professor João Carlos Hopp, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), sabiamente disse: ”o administrador financeiro da década de 80 está inteiramente absorvido na tarefa de fazer dinheiro pela administração do próprio dinheiro e está cada vez mais divorciado do processo de geração dos lucros operacionais”. Infelizmente, esta afirmação ainda é uma realidade tanto pela falta de opções em ferramentas gerenciais como também porque atuar neste campo dá muito trabalho e, por puro comodismo, deixam de lado esse importante gerador de lucros. E então, “os asiáticos agradecem”. E quando o assunto são os problemas do nosso País para conseguir equiparar os preços com concorrentes como China e Japão, podemos destacar: ● Alto custo Brasil (impostos, taxas etc.); ● Paridade do dólar; ● Falta de financiamento (ou dificuldade para conseguir esse tipo de auxílio); ● Mão de obra cara. A busca por mais produtividade ainda carece de ações e a indústria nacional engatinha frente aos concorrentes asiáticos nesse assunto, o que eleva exponencialmente a busca na excelência em competitividade. Esta excelência, que precisa ser objetivada, só é alcançada quando as ações nos processos vislumbram quatro ciências: administração, economia, engenharia e marketing, que em sinergia atuam em qualquer empresa, cada uma com a sua importância, mas uma completando a outra. O ciclo operacional de uma empresa qualquer, obrigatoriamente inicia-se pela previsão de vendas, o que tecnicamente deve ser elaborada por marketing e aprovada pela alta direção. O que deveria ser a única referência de projeção de demanda aos outros departamentos, na prática não é. Ao adquirir um maquinário ultramoderno, por exemplo, uma grande empresa garante produção em menor tempo. No entanto, este ganho fica praticamente restrito à área técnica (no caso, a engenharia), e não é corretamente utilizado pelas outras três áreas. Isso acontece não por falhas de comunicação, mas porque boa parte das empresas operam com políticas e ferramentas gerenciais inadequadas de custeio e de precificação (quando as têm), e sequer conseguem mensurar estes benefícios técnicos quanto mais repassá-los aos custos e, consequentemente, aos preços de cada produto de direito. Esta é a amplitude que o ganho de produtividade deve ter para a excelência. Já nas pequenas e médias empresas, dá para contar nos dedos as que possuem algum tipo de registro dos processos. Ou seja, nem as receitas dos próprios bolos possuem e os esforços que fazem no seu dia a dia para melhorar a produtividade se tornam ínfimos, por serem feitos sem nenhum planejamento e sem a correta medição. Portanto, as maiores e principais ações não são executadas, o que compromete e muito a excelência. Como começar? Para obter a excelência em produtividade e competitividade necessárias uma empresa precisa ter: ● Fichas de processos – Os processos produtivos de cada item devem minuciosamente ser fielmente descritos, operação por operação, máquina por máquina, setor por setor, uma vez que sem a receita de cada bolo nada se faz; ● Horas paradas – É imprescindível registrar, analisar, acompanhar e controlar as horas improdutivas da empresa, já que é possível contabilizar perdas de 12% a 40% das horas disponíveis; ● Horas produtivas – As indústrias se concentram na racionalização dos tempos produtivos, mais especificamente nos tempos padrões, achando que estão agindo nos tempos totais, mas não estão. Em um processo produtivo, atuam os seguintes tempos: a) Tempo de Preparação: tempo para preparar uma máquina ou célula para produzir um determinado item; b) Tempo Padrão: tempo que um operário treinado normalmente leva para produzir um item; c) Permissões: é o tempo que se perde com necessidades pessoais, recebimento de instruções, ritmo, posição de trabalho etc.; d) Tempo Total = tempo de preparação + tempo padrão + permissões Ao focar apenas no tempo padrão, as empresas deixam de lado outros tempos importantes, em que ocorremperdasextremamente representativas que podem até ser mais relevantes do que os próprios tempos padrões em certas ocasiões. Por último, é importante destacar quatro pontos que precisam ser extremamente valorizados: 1. Gestão de pessoas 2. Análise/Engenharia de Valores 3. Metodologia de Custeio, Horas Paradas e Precificação 4. Participação da alta direção Assim, considero que esta excelência na produtividade e competitividade deva ser objetivada constantemente, e que qualquer empresa corretamente orientada por um especialista e que conte com formas gerenciais eficientes pode certamente ser capaz de conquistar esses objetivos.” Luiz Carlos Freire Cimatti é sócio-diretor da LC Consultorias, que fornece soluções em gestão para pequenas e médias empresas. Há 35 anos atua nas áreas de precificação estratégica, custeio, avaliação de marca, processos e demais aspectos da gestão empresarial. Texto do Portal HSM