O surgimento de modelos diferenciais de gestão é tema discutido por interessante entrevista do Portal Época Negócios com o renomado filósofo e educador Mário Sérgio Cortella. Para ele, os novos perfis de negócios exigem dos gestores uma postura que acolha diferentes visões e forme equipe multidisciplinares e multitarefas; que agreguem vigor e competências aos grupos de trabalho.
“O gestor hoje é aquele que tem flexibilidade. Ser flexível, porém, é diferente de ser volúvel. Volúvel é aquele que pensa a partir do vento que bate, enquanto flexível é aquele que é capaz de alterar os pontos de vista. Também é importante a percepção de que só é um bom “ensinante” quem for um bom “aprendente”. Por isso, o gestor também precisa estar atento àqueles que estão abaixo na hierarquia. O fato de alguém estar hierarquicamente em um patamar menor não demonstra incapacidade”, afirma o filósofo ao Época Negócios.Com.
Ao tratar especificamente dos temas liderança e chefia, Mário Sérgio Cortella menciona que liderança não é um cargo, mas uma função absolutamente interligada a atitude de motivar e inspirar ideias, pessoas e projetos. Para o filósofo, a estrutura administrativa das empresas vai sempre exigir que alguém esteja no comando; o que muda é que passa a haver mais mobilidade; obedecendo a uma base de gestão mais horizontal.
“Não sendo liderança um cargo, mas uma função, ela é circunstancial. Isso é, ela tem de ser oferecida a quem domina mais um determinado projeto naquela circunstância. O que não retira a responsabilidade de quem está na chefia. Ou seja, não é porque se partilha momentos de liderança que aquele que está acima na hierarquia irá anular a sua responsabilidade. Ao contrário, ela persiste. O que se alterará é quem está no comando naquela circunstância”, defende Cortella durante a entrevista.
Como principal reflexo desse conceito, surgem os exemplos das empresas que vem se adaptando aos modelos de gestão por projetos. A base, como observa o educador, é colocar na direção de projetos determinados quem tem mais habilidade e competência para tal. A visualização de resultados é outro quesito que vem se alterando, na opinião de Mário Sérgio Cortella. Para além da urgência, os novos modelos de gestão pensam retorno a partir de uma visão estratégica que, em muitos casos, envolve prazos mais longos e até motiva empresas a contratarem funcionários com mais de 50 anos.
As dicas de Cortella para que as organizações comecem a trabalhar esses novos modelos passam pela mudança da mentalidade do gestor e pela implantação de uma nova cultura organizacional; um processo que exige tempo e trabalho para incorporar valores e práticas diferenciadas à rotina da empresa. “Esse novo modelo de gestão não é moda, é o modo de fazer. É preciso formar a cultura da empresa para se adequar a isso. Esse novo modo de fazer precisa alterar o paradigma conjunto, de toda a organização”, arremata o filósofo.
Na entrevista publicada pelo Portal Época Negócios, Cortella também fala de temas como os métodos de reconhecimento de funcionários e a presença feminina em cargos de gestão. Vale a pena conferir as ideias e refletir sobre o modelo de gestão da sua empresa.