Entender como é feito a gestão estratégica em outros países pode ser uma maneira eficaz de aprender e de valorizar modelos de gestão
Em cada país, as empresas têm sua maneira de gerir os negócios, definir suas estratégias e acompanhá-las. Na América do Norte, principalmente nos Estados Unidos e Canadá a gestão que se faz nas organizações costuma ser diferente da gestão realizada no Brasil, a começar pelo planejamento estratégico. No entanto, observa-se uma mudança de perspectiva, onde brasileiros podem aprender com os norte-americanos e canadenses e vice versa.
Segundo Riberto Araújo, sócio consultor da PRIMVS, os especialistas em Cultura Nacional e Organizacional afirmam que a administração embora seja uma ciência objetiva, ela é culturalmente condicionada. Assim, o contexto em que se exerce a gestão dos negócios recebe influência do meio, atribuindo significados diferentes à interpretação das oportunidades, das ameaças, ao uso das metodologias e ferramentas de gestão e da tomada de decisão compartilhada.
Guilherme Barbassa, diretor da Stratec, diz que nos EUA as empresas trabalham com um planejamento estratégico refletido principalmente no orçamento (budget). Já no Brasil, as empresas de médio porte, não trabalham com orçamento muito estruturado, trabalham mais com os resultados de performance. “Claro que isso é uma tendência, essas coisas não são mutuamente exclusivas. Tem empresa que trabalha com os dois métodos inclusive de forma integrada”, ressalta o diretor.
Araújo chama a atenção para o fato de que “os gestores brasileiros precisam aprender com esses países a valorizar o planejamento e a tomada de decisão baseada em fatos e dados, e não em ‘achismos’, em pesquisa de mercado, por exemplo, tanto no que diz respeito a demanda e a oferta”. Segundo ele, é preciso apoiar-se menos na visão de curtíssimo prazo e pensar o negócio em termos sustentáveis. “Outro fator importante diz respeito à tolerância, à incerteza e ao imediatismo das decisões, constância de propósitos. Tendemos no Brasil a uma a visão de curto prazo e a eleger um herói organizacional, o apagador de incêndios, em detrimento do profissional que os previne, que planeja”, comenta Araújo.
No entanto, na visão do consultor, os brasileiros podem ensinar aos empresários norte-americanos e canadenses, a ter mais flexibilidade nas relações entre pares, e com relação às práticas de gestão a incorporar e gerenciar as mudanças com mais agilidade.
Barbassa conta que tem notado nos últimos 15 anos uma mudança na cultura organizacional das empresas norte-americanas e canadenses. “Essas empresas têm trabalhado mais com o acompanhamento da execução da estratégia e não só com o orçamento. E por causa disso, ambos os países estão na mira da Stratec para uma nova expansão internacional. “Pegando um gancho nessa mudança, o software vai preencher a demanda das empresas que buscam também acompanhar a execução da estratégia além do orçamento”, conta. Segundo Barbassa, existem outras empresas que oferecem já esse serviço na América do Norte, mas numa perspectiva diferente. “Não encontramos um software com a mesma proposta que o nosso nesse mercado. Por isso, a nossa expectativa é que as vendas nos EUA rapidamente ultrapassem as nossas vendas no Brasil”, conta animado. De acordo com Barbassa, a previsão é de começar a operar na América do Norte em 2015.
E as pesquisas reiteram as previsões otimistas. Segundo estudo realizado pelo Gartner Group, nos Estados Unidos e na Europa, anualmente, as empresas investem, em média, 4% de sua receita em TI, ou seja, investem em tecnologias que possam facilitar o dia a dia das corporações. No Brasil, em 2003, a média de investimento foi de 4,9% do faturamento líquido, contra 1,3% registrado em 1988, segundo pesquisa realizada pela FGV-EASP.
Fontes:
CARVALHO, T. C. M. B., Falta a chamada governança de TI, Disponível em: http://www.itweb.com.br/noticias/artigo.asp?id=50613. Publicado em: 28/06/2004. Acesso em 21/02/2014.