Saiba como a cultura organizacional pode afetar a saúde de seus funcionários
Sempre se ouve falar em poluição ambiental, empresas que poluem o ambiente ou que consomem os recursos do planeta e não os repõem realizando, portanto, atividades não sustentáveis. Mas pouco se fala no impacto das empresas nas pessoas, principalmente as que trabalham para a organização. O stress, a pressão por resultados, a excessiva carga horária, tudo isso contribui para gerar um quadro de stress nos colaboradores, devolvendo pessoas doentes à sociedade.
Segundo pesquisa do Colégio Oficial de Psicólogos de Madri, divulgada pelo psicólogo e assessor de recursos humanos norte-americano Kenneth Nowack, os funcionários que trabalham sob as ordens de chefes “emocionalmente” inteligentes, demonstram ser mais eficientes, produzem mais e gozam de melhor saúde do que os funcionários que estão sob a hierarquia de chefes mandões, que podem aumentar os riscos de seus empregados sofrerem de hipertensão ou ataques cardíacos.
Segundo Guilherme Barbassa, diretor da Stratec, as empresas contratam pessoas saudáveis na sociedade e devolvem pessoas doentes, tanto no aspecto psicológico, com doenças depressivas, quanto no aspecto físico. “De tanta pressão que recebem para gerar resultados, as pessoas ficam neuróticas, com baixa qualidade de vida. E quando essa pessoa não está mais produtiva, a empresa devolve a pessoa para a sociedade muito pior do que a encontrou. E a sociedade vai ter que arcar com os custos da recuperação dessa pessoa doente. Estão gerando uma ‘poluição humana’”, contesta. Barbassa ainda provoca dizendo que quando se olha no balanço da empresa, esses dados não aparecem porque a empresa não considera esse fator. “Mas deveria aparecer porque está gerando um custo para a sociedade e para a emprsa. O stress é apenas o primeiro sintoma”, alerta.
Priscila Nogueira, diretora de alianças estratégicas da Stratec, já mudou de empresa por identificar que estava sendo prejudicada em sua saúde mental e física. “Eu passei por isso, já optei por sair em função de stress. Muitas metas e resultados para serem entregues, sem adequação da equipe. Não havia negociação de prazos. O foco em resultados não incluía a avaliação do bem estar pessoal”, conta.
Segundo Priscila, a situação é clara: algumas metas não são passíveis de serem atingidas sem investimento ou aumento de despesas ou dentro do prazo proposto. No entanto, ao não serem atingidas, a empresa não quer saber os motivos do não cumprimento, simplesmente culpa os donos das metas não cumpridas. E estes são colocados para fora da organização ou hostilizados.
Priscila afirma ainda que muitas pessoas se sentem, quanto muito demandadas, mais valorizadas, quando na verdade não é uma questão de valorização. “Sobrecarregar uma pessoa com mais atividades do que possa desenvolver com qualidade e responsabilidade não é valorização, é apenas sobrecarga. O desafio deve estar na criatividade das soluções apresentadas, na diversidade de tarefas, na gestão integradora de pessoas, não na quantidade de coisas para entregar ao final do dia”, afirma.
Nowack chama atenção para o fato de que “os empregados expostos a um estresse prolongado causam mais baixas às empresas e são menos produtivos na cultura organizacional”. Estudos científicos sugerem que há um aumento de 67% de risco de doença cardíaca coronária entre funcionários que trabalham 11 horas ou mais por dia em comparação com aqueles que se dedicam por sete a oito horas diárias.
Barbassa afirma que a Stratec é uma empresa que se preocupa com a cultura organizacional e adota práticas como Home Office e horários flexíveis, justamente para prevenir o stress, pois os funcionários podem conciliar as necessidades pessoais com as profissionais, além de poder ter um convívio maior com a família, eliminando fatores de stress como trânsito. “Aqui na empresa procuramos atender as necessidades específicas dos funcionários sem gerar um ambiente de stress, competição ou insalubre. Investimos em uma estrutura horizontalizada onde há bastante abertura para as pessoas darem sugestões, contribuírem e se sentirem parte do sucesso da empresa”, conta. Barbassa afirma ainda que a Stratec faz eventos de confraternização periódicos entre os funcionários em locais agradáveis como Costa do Sauípe, por exemplo. “O interessante é que mesmo adotando essas práticas, conseguimos uma produtividade muito acima da média de mercado. A produtividade do segmento gera em torno de 150 a 250mil reais por pessoa e a nossa está acima de 300”, comemora.
É importante ressaltar que o estresse deve ser avaliado individualmente, já que a percepção das situações de estresse diferem de indivíduo para indivíduo na cultura organizacional.